terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Cuidado Maior com a Semente

Mateus 13 traz o conhecido relato de Jesus contando a Parábola da Semente à multidão e, depois, comentando-a e esclarecendo-a aos discípulos em separado. A estória fala do Semeador que encontra os quatro tipos de solos: o superficial, à beira do caminho, o pedregal, o  lugar entre os espinhos, e a boa terra.

Certamente, somente o último era ideal para a semeadura. Quem plantaria ao pé do caminho e deixaria apenas exposta a semente aos devoradores? Quem a lançaria no pedregal sem garantia de que alcançaria a própria terra? Quem não atentaria e a jogaria em meio aos espinhos? Um bom semeador escolheria uma boa terra.

A mensagem deveria logo levantar a questão do desperdício do trabalho e da semente a ser evitado. Muito produziria o semeador que soubesse e achasse a boa terra a semear. Este produziria multiplicadamente. Aliás, quem não se protegeria do inimigo, da dureza e dificuldade dos diversos tipos de solo se fosse sabedor e bem cuidadoso do seu trabalho.

De fato, em minhas rápidas visitas aos mais simples agricultores, nunca vi um deles tão somente sair jogando sementes estrada afora, ou a lançá-las antes de puxar uma razoável covinha na terra macia, bem húmida, de preferência. Eu mesma participei de alguns plantios. Saía-se, primeiro, a limpar o terreno; logo, outro ia à frente golpeando a terra com uma ferramenta aguda para abri-la o suficiente para depois enterrar bem ali alguns grãos, em cada abertura que depois se fechava. Tinha-se a certeza de que havia terra suficiente por cima...

Enfim, pude acrescentar maior reflexão nesta parábola relida. Eu bem poderia ter composto a rodinha dos discípulos que indagaram naquele dia a Jesus. Como é valioso que nos seja dado conhecer os mistérios do Reino! Como é estéril ver e não ver, ouvir e não ouvir, nem compreender por causa de um coração endurecido que não se curva, e, por isso, não pode ser curado.

Ao explicar mais sobre a parábola falada propositalmente para quem tinha o entendimento do coração e recebia de boa vontade, Jesus estava curando, curando sua turma de parabologia. Imagino que ver e ver, ouvir e ouvir e compreender com o coração sempre nos leva a meditar na Palavra que o Filho de Deus nos trouxe do céu como pão. Desejamos mais e nos voltamos para o aprendizado com o Mestre.

Meu coração muitas vezes pulou a trilha nessa e tantas outras palavras que Deus nos deu para nosso crescimento, mesmo dando-lhe muito pensar, porque o meu coração ainda não estava como boa terra, uma terra que recebe alegre e protege a semente até sua farta safra chegar.

Parece, pelo texto referido, que outras parábolas sobre semeadura se seguiram de explicações depois dessa. Era muito desejável ouvir tudo aquilo. Jesus diz: "Escutai, pois, a Palábola do Semeador." Se isso tem que ser feito principalmente com o coração nem deve ser necessário o MP3 ou um 'headphone'. Nossos sentidos sensoriais vão além do que imaginamos. Mas, quando operamos na base do sensorial de um coração inclinado para escutar de Deus, aumenta a percepção total de modo abundante.

Deus tem interesse em dar mais, não em racionar o que aprendemos ao ouvir Sua Palavra. Mas, se não temos a disposição do coração, acontece que diminui ainda mais a assimilação. E, isso tem a ver com um processo chamado conversão ou a falta dela. Vamos chegando o ouvido do coração e Deus vai nos sarando da surdez e da cegueira espiritual. Deus nos traz cura através da Sua Palavra.

Eu pensaria, se não entenderam essa e querem mais explicação, porque vou adiantar a matéria e ensinar ainda outras lições em parábolas? Mas, eu não sou o Mestre, graças a Deus, para o bem de todos nós, inclusive o meu.

Quando Deus está me falando em Sua Palavra, preciso ter meu terreno limpado de pedras e espinhos, com a profundidade certa aberta no coração, o bastante para acolher e guardar o que vou também buscar compreender com amor, vontade e desejo.

Compreender também é um nome que carrega o sentido de apropriação. Nessa apropriação, a semente se torna o alimento da minha terra e a minha terra responde com frutos próprios daquela semente.

Acalmando meu coração pude entender que na obra da semeadura, também, quando reproduzo as palavras do Senhor, preciso ver onde cai a semente, e, se possível, cuidar de preparar cada coração para bem ouvir. O servir é completo.

Dar a ajuda do entendimento e da explicação é importante para que a semente não seja arrebatada do coração do ouvinte. Sondar a terra para ver se há profundidade para enraizar a palavra da semente e tratar de fornecer as condições para o devido enraizamento é sabedoria. Também é sábio ajudar o ouvinte em suas lutas, tribulações, tentações, para que ele não seja sufocado pelos chamamentos desse mundo, nem desfaleça por falta de água e luz, nutrientes e conforto, o necessário para as condições do florescer.

Aprendi muito sobre aproveitar o que procuro transmitir do conteúdo de tudo que Deus nos ensina por Sua Palavra e Seu Espírito. Aprendi que é preciso oferecer entendimento extra, aprofundamento e condições de crescimento de cada palavra falada, lida, dada, apoiando com um acompanhamento que permite capacitar meus ouvintes para as lutas contra as distrações e o sofrimento da vida. Assim, aprendi que nossas formas de evangelismos e discipulado mal jogam as sementes no meio do caminho despreparado, exibido aos abutres.

Que Deus me ajude a absorver e produzir a partir dessa compreensão maior da Parábola do Semeador e das outras sementes, que tanto me educa como me ensina a educar na vivência cristã enraizada em tudo aquilo que Deus tem em nós, para nós mesmos! Nada como o prazer de uma colheita plena! Meu coração se inclinará a esse propósito quando eu ler e procurar ensinar a Palavra.

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